O essencial é entendermos que a cultura surda é como algo que penetra na pele do povo surdo que participa das comunidades surdas, que compartilha algo que tem em comum, seu conjunto de normas, valores e de comportamentos.
Devido às proibições de compartilhar uma língua cultural do povo surdo em resultado emitido pelo Congresso Internacional de Educadores de Surdos ocorrido em Milão, na Itália, em 1880, o uso de Língua de Sinais foi definitivamente banido a favor da metodologia oralista nas escolas de surdos. Daí em diante os alunos surdos foram proibidos de se comunicar usando a Língua de Sinais. O oralismo venceu a Língua de Sinais, que sofre preconceito até hoje.
A história se modificou com o trabalho de Willian Stokoe, o primeiro a pesquisar sobre a Língua de Sinais, um lingüista norte-americano e seu grupo de pesquisa que em 1965 publicou a celebre obra “A Dictionary of American Sign Language on linguistic principles”, na qual estudou e divulgou a Língua de Sinais Americana (ASL).
Seu trabalho incentivou o surgimento de vários outros estudos lingüísticos e mostrou que a língua faz parte da cultura e da comunidade surda.
A lingüista surda, Carol Padden (1989), estabeleceu uma diferença entre a cultura e comunidade.
Cultura - “Conjunto de comportamentos de um grupo que tem sua própria língua, valores, regras de comportamentos e tradições”.
Comunidade - “É um sistema social geral, no qual as pessoas vivem juntas, compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras."

Já “a Cultura da pessoa Surda é mais fechada do que a Comunidade Surda. Membros de uma Cultura Surda se comportam como as pessoas surdas, usam a língua das pessoas Surdas e compartilham das crenças das pessoas Surdas entre si e com outras pessoas que não são Surdas.”
Ser Surdo é saber que pode falar com as mãos e aprender uma língua gestual-visual, através dessa, é conviver com pessoas que, em um universo de barulhos, deparam-se com pessoas que estão percebendo o mundo, principalmente, pela visão, e isso faz com que elas sejam diferentes e não necessariamente deficientes.
A diferença está no modo de perceber o mundo e gerar valores que influenciarão no comportamento e tradição sócio-interativa. Este modus vivendi denomina-se Cultura Surda.
Resumindo, Perlin (2003) afirma:
“Cultura Surda é jeito surdo de ser, de perceber, de sentir, de vivenciar, de comunicar, de transformar o mundo de modo a torná-lo habitável.”
Referências Bibliográficas:
FELIPE, Tanya A., MONTEIRO, Myrna S. LIBRAS em contexto: curso básico, livro do professor instrutor. Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos, Brasília: MEC, SEEP, 2001.
STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008.